terça-feira, 12 de agosto de 2014

Ser o dobro



"Estava sozinho, os seus amores haviam falhado e sentia que tudo lhe faltava pela metade, como se tivesse apenas metade dos olhos, metade do peito e metade das pernas, metade da casa e dos talheres, metade dos dias, metade das palavras para se explicar às pessoas. Via-se metade ao espelho e achava tudo demasiado breve, precipitado. (...)
Ficou surpreso, não lhe ocorria preocupar-se mais com essas coisas, estava feliz. Mas o rapaz insistiu. O Crisóstomo respondeu que não lhe faltava nada, estava inteiro. E o rapaz pequeno disse-lhe que então ele deveria passar a ser o dobro. Ser o dobro, disse. (...)

Quem tem menos medo de sofrer, tem maiores possibilidades de ser feliz. (...)
O homem (...) sorriu, e aquele sorriso já não era o mesmo do dia anterior. Já não era como nenhum outro do passado. Era o dobro de um sorriso"
(Valter Hugo Mãe)

Até já! (Obrigada C.)