São 10 anos por cada letra da palavra Mãe, cada
um deles soa, por um lado, a ausência, e por outro, a constância de presença
suave, discreta e sentida.
A viagem mais longa aconteceu há 30 anos atrás.
Um último olhar, uma palavra impercetível, um suspiro final e Deus acolheu-a na
imensidão do Seu coração.
Para quem ficou, viveu uma fuga para a frente,
porque o tempo é a cura e a partida o descanso de quem tanto lutou, saída
apressada para que cada um se agarrasse ao que viveu e recebeu com a sua
passagem.
Já foram 10957 dias de um deserto que se enche de
memórias que a fazem presença radiante nos sorrisos de cada dia, sinal que a
faz permanecer na vida de quem amou e de quem mais tarde veio e também a passou
a amar.
Tem sido um tempo em que nos sentimos
incompletos, mas na luz da escuridão brilha a sentida presença pelo testemunho
herdado e pelo desejo deixado de que temos de seguir felizes.
Nestes anos decorridos, sorrimos e choramos
muitas vezes juntas, na doce sensação do aconchego vivido no passado.
Querer regressar a ela nestes 30 anos tem sido
frequente, e nessa viagem recuperar os olhares, os sorrisos, os abraços, as
palavras cheias de sabedoria e ternura, mas com ela aprendemos que estar vivo
também nos chega pela memória.
Para quem se cruzou com ela, a saudade está enraizada. Para os que apenas ouviram falar dela, sentem que perderam terreno fértil de humanidade e Amor.
Saber que o Amor pode durar tantos anos na
invisibilidade dos corpos, pela clareza do que sentimos quando a procuramos nas
coisas do dia a dia e nas nossas vidas, é uma graça.
Ter uma Mãe por perto é uma bênção, mas tê-la
exclusivamente no coração é uma dádiva que apenas se consegue sentir porque o Amor
vence todos os dias a saudade.
Mãe é sempre Mãe, aqui ou no coração de Deus.
Até já!
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